quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Programa da Disciplina

Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de Ciências Sociais

Disciplina:sociedade brasileira Contemporânea

Professora: Eliane Veras

EstagiáriA: Ana carolina moura

monitorES: Ana rodrigues

Bruno França

GISELE PORTO

Período : 02/2008

horário: Terça-feira 16h – 18 e Sexta-feira 14 – 16 h

Plano de Curso

I - Ementa: Aspectos históricos, sociais, econômicos, políticos, culturais e ideológicos da sociedade brasileira contemporânea.

II - Objetivo: Estudar a sociedade brasileira a partir da temática das relações étnicas e raciais. A construção histórica da sociedade brasileira é marcada pelo caráter colonial de sua organização social, política e econômica. A organização colonial, fundada na expropriação das populações indígenas, na escravidão, na exploração agrícola e no poder patriarcal do senhor de terras, marcou os 3 primeiros séculos da formação da sociedade brasileira. A decadência da ordem patrimonial, com a paulatina modernização da sociedade brasileira a partir do século XIX, tem como marco definitivo a Abolição da Escravidão. As profundas transformações ocorridas no século XIX - chegada da família real ao Brasil 1808, Proclamação da Independência do Brasil 1822, campanha abolicionista e Abolição da Escravidão 1888, Proclamação da República 1889 - provocaram vários deslocamentos de processos políticos, econômicos, sociais e culturais na sociedade brasileira. Para Florestan Fernandes a abolição da escravidão representa o marco da passagem da sociedade escravocrata, rural e patrimonial para uma sociedade fundada no trabalho livre, urbana e industrial. A Abolição representaria para o Brasil o mesmo que a Revolução Francesa e a Revolução Industrial haviam representado para a Europa: o desencadeamento da modernidade. A temática das raças surge no pensamento social brasileiro de modo insistente a partir do estabelecimento deste processo de mudança e transformação da sociedade, da criação do Estado Nacional e de um projeto possível de nação. O curso está estruturado a partir da análise as principais idéias que se desenvolveram em torno da temática étnica e racial e deram forma à visão que o país passou a ter de si mesmo, bem como a justificar políticas que resolvessem os dilemas presentes em cada época. Em um segundo momento, procuraremos conhecer melhor a sociedade brasileira contemporânea, atualizando o debate sobre a "democracia racial", o "dilema racial", as políticas públicas de ação afirmativa, as proposições do movimento negro e do movimento indígena, os estudos contemporâneos sobre relações étnicas e raciais no Brasil.

III - Metodologia - A metodologia de ensino será desenvolvida por meio de aulas expositivas, palestras, seminários e pesquisas. A leitura prévia dos textos indicados é condição indispensável para desenvolvimento satisfatório da disciplina. O questionamento dos estudantes, fundamental para a compreensão, deve ser fruto da leitura que naturalmente será confrontada à exposição realizada em aula.

IV – Programa

Unidade I – Apresentação da problemática

Unidade II – Século XIX e início do século XX - As teorias raciológicas no Brasil

Século XX (anos 1920 e 1930) – O movimento modernista e a abordagem de Gilberto Freyre sobre a mestiçagem

Unidade III – Anos 1950 – O projeto UNESCO sobre as relações raciais no Brasil

São Paulo – Roger Bastide, Florestan Fernandes e Oracy Nogueira

Rio de Janeiro – Costa Pinto

Bahia – Thales de Azevedo

Recife – René Ribeiro

Unidade IV – Anos 60 e 70

A Integração do Negro na Sociedade de Classes - Florestan Fernandes

Relações raciais e desigualdade social – Carlos Hasenbalg

Unidade V A sociedade brasileira contemporânea e a questão racial

Produção acadêmica contemporânea

Políticas públicas de ação afirmativa

Questões e problemas contemporâneos

Unidade VI – A questão indígena no Brasil contemporâneo

V - Avaliação – Serão realizados para fins de verificação da aprendizagem:

(a) 2 exercícios (vide cronograma)

(b) 1 atividade de pesquisa ou seminário realizado em pequenos grupos (no máximo 5 participantes). A pesquisa envolverá elaboração de projeto, trabalho de campo e análise dos resultados. A análise deverá ser feita em trabalho escrito a ser entregue até em data prevista no cronograma. Os resultados deverão também ser apresentados em sala de aula. O seminário deverá ser entregue por escrito.

VI – Cronograma

05/08

Apresentação do plano de curso.

08/08

“Homo Sapiens 1900” Documentário - Peter Cohen.

12/08

Guimarães, Antonio Sérgio. “Raça e os estudos de relações raciais no Brasil”. Novos Estudos CEBRAP, nº 54, Julho, 1999.

SEYFERTH, G. “A noção de raça no Brasil: ambigüidade e preceitos classificatórios” . Porque raça ? Breves reflexões sobre a questão racial no cinema e na antropologia. Santa Maria - RS: Ed. da UFMS, 2007.

15/08

Santos, Joel Rufino. "O negro como lugar" in Ramos, Guerreiro. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1995.

Ramos, Guerreiro. Introdução crítica à sociologia brasileira. Ed. UFRJ,1995. (O problema do Negro no Brasil).

Fernandes, Florestan . O significado do protesto negro. São Paulo: Cortez: autores Associados, 1989. (O mito revelador)

19/08

Schwarcz, Lilia Moritz. O Espetáculo das raças: cientista, instituições e questão racial no Brasil - 1870 -1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. (Uma história de diferenças e desigualdades)

22/08

Peixoto, Fernanda Arêas. Diálogos brasileiros: uma análise da obra de Roger Bastide. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2000.(Roger Bastide e o modernismo: diálogo interessantíssimo.)

Literatura complementar: Andrade, Mário. Macunaíma.

26/08

Palestra “Gilberto Freyre e o Brasil como veneno e remédio”. José Miguel Wisnik.

29/08

Freyre, Gilberto. Sobrados e Mocambos. Decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. Rio de Janeiro: Livraria José Olimpio, 1961. (Tomo II, capítulos XI e XII)

Seminário I

02/09

O projeto UNESCO sobre as relações raciais no Brasil. Aula expositiva.

CHOR MAIO, Marco. “O Brasil no conserto das nações”. História, Ciência e Saúde: Manguinhos, V. 01, n. 01, jul/out, 1994.

05/09

Florestan, Fernandes. A sociologia numa Era de Revolução Social. São Paulo, Zahar, 1976. Raça e Sociedade: o Preconceito Racial em São Paulo (Projeto de Estudo)

Literatura Complementar: SOARES, Eliane Veras et al. (2002), “O dilema racial brasileiro: de Roger Bastide a Florestan Fernandes ou da explicação teórico à proposição política”. Sociedade e Cultura, 5,1: 35-52.

09/09

Bastide, Roger e Fernandes, Florestan. Brancos e negros em São Paulo: ensaio sociológico sobre aspectos da formação, manifestações atuais e efeitos do preconceito de cor na sociedade paulistana. São Paulo, Global, 2008.

Seminário II

12/09

Costa Pinto. L. A. O Negro no Rio de Janeiro. Relações de raça numa sociedade em mudança. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1998 (Marcos Chor Maio - Costa Pinto e a crítica 'ao negro como espetáculo’).

Chor Maio, Marcos. “Uma polêmica esquecida: Costa Pinto, Guerreiro Ramos e o tema das relações raciais”. Dados – Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1997/v.40

Seminário III

16/09

Chor Maio, Marcos. Projeto UNESCO e os estudos raciais na Bahia.

Azevedo, Thales de. As elites de cor: um estudo de ascensão social. São Paulo, Comp. Editora Nacional, 1955. Seminário IV

19/09

Ribeiro, René. Religião e relações raciais. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura / Serviço de Documentação. s.d.

Seminário V

Elaboração do primeiro exercício

23/09

Realização do exercício

26/09

Guimarães, Antonio Sergio Alfredo. Classes, raças e democracia. São Paulo, Editora 34, 2002. (Democracia racial: o ideal, o pacto e o mito)

Entrega do trabalho

30/09

Florestan, Fernandes. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus: Editora da Universidade de São Paulo, 1965. (V. 1, parte 3, item 1, O mito da democracia racial e V. 2., parte 3, item 2, O dilema racial brasileiro)

Fernandes, Florestan. O negro no mundo dos brancos. São Paulo, Difel, 1972. (Capítulo XIII - Aspectos políticos do dilema racial brasileiro)

Florestan, Fernandes. O significado do protesto negro. São Paulo: Cortez: autores Associados, 1989. (As relações raciais em São Paulo reexaminadas)

Seminário VI

03/10

Hasenbalg, Carlos. Discriminações e Desigualdade raciais no Brasil. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1979. (Parte III -Mobilidade social, política e raça no Brasil)

07/10

Carvalho, José Jorge. Inclusão étnica e racial no Brasil. A questão das cotas no ensino superior. São Paulo, Attar Editorial, 2005.(Cap. IV - Uma aliança negro-branco-indígena pela inclusão étnico-racial.) Guimarães, Antônio Sérgio. Ainda ações afirmativas: desigualdades contra desigualdades. In Racismo e anti-racismo. São Paulo: Editora 34, 1999.

Grin, Monica. “Esse ainda obscuro objeto de desejo: políticas de ação afirmativa e ajustes normativos: o seminário de Brasília”. Novos Estudos Cebrap, n. 59, mar., 2001.

Silvério, Valter Roberto. “Ação afirmativa no Brasil: a trajetória de um dissenso”. (Texto apresentado na XXVII Reunião Anual da ANPOCS, Caxambu, 2003).

Silva, Maria Aparecida. “Ações afirmativas para o povo negro no Brasil”. In Racismo no Brasil. São Paulo: Peiropolis, Abong, 2002.

10/10

XI ENCONTRO DE CIENCIAS SOCIAIS

14/10

Seyferth, Giralda. O beneplácito da desigualdade: breve digressão sobre racismo. In Racismo no Brasil. São Paulo: Peiropolis, Abong, 2002. (leitura obrigatória)

Schwarcz, Lilia. Questão racial e etnicidade. In Micele, Sergio (Org.) O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). São Paulo. Ed. Sumaré/ ANPOCS / CAPES, 1999.

17/10

Pesquisa I

21/10

Pesquisa II

24/10

Pesquisa III

28/10

Orientação para elaboração dos trabalhos escritos

31/10

Orientação para elaboração dos trabalhos escritos

04/11

Palestra Vânia Fialho. “Os índios e a sociedade brasileira contemporânea”. Entrega dos trabalhos escritos.

07/11

Cecília Helena Ornellas Renner, “Marco zero do processo histórico brasileiro: os Tupinambá”;

Carmen Junqueira, “A questão indígena” (Maria Ângela D’Incao (org.). (1987), O saber militante: ensaios sobre Florestan Fernandes. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra/ Unesp)

Florestan Fernandes: “Reações tribais à conquista” e “Tiago Marques Aipobureu: um Bororo marginal”.

11/11

João Pacheco de Oliveira (2001), Darcy Ribeiro: Os índios e a civilização. In Lourença Dantas Mota (org.). Introdução ao Brasil: um banquete nos trópicos. São Paulo: Editora Senac. Vol. 2.

14/11

Segundo Exercício

18/11

Avaliação da disciplina

21/11

EXAME FINAL

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